INSTITUTO PADRE ANDRE

Obras e Serviços

Quando Dom João Muniz chegou à Diocese de Barra, em 1942, foi desafiado com a amplitude de sua diocese e com uma população carente de recursos financeiros e de informação, além de uma quantidade insuficiente de padres para o pastoreio. Ao acolher André em sua Diocese, uma nova porta foi aberta. Tornaram-se amigos, e essa amizade ficou marcada por muitos sonhos e pelo verdadeiro sacerdócio voltado para o povo. 

Com a saída dos Padres Carmelitas, o Senhor Pedro Guerra, residente em Correntina e membro da Liga Católica, recebeu a função de Dom Muniz de encarregado da Freguesia de Nossa Senhora da Gloria, cabendo a ele e aos Senhores Astrogildo e João de Atílio, e demais membros da comunidade, preparar o povo para receber o novo padre, que desta vez, viria a fixar morada nesta localidade. 

Conforme os registros do livro de tombo, Padre André chegou a Correntina no dia 20 de junho de 1956, às 10h, no avião do vale. Na casa da fazenda da Diocese, Minervina, a governanta da casa, o aguardava, tornando sua companheira mais próxima.

Na tarde do dia 20, Padre André realizou os primeiros sacramentos, batizados e casamentos, na primeira Igreja matriz de Correntina, santuário que lhe acolheu para desempenhar o seu sacerdócio. No dia 24 de junho, foram realizados os tradicionais Festejos do Divino e do Rosário. Na ocasião, Padre André celebrou três missas. O povo ficou encantado, com algo jamais visto. A última celebração do dia culminou na solenidade de posse, provisão de novo pároco da freguesia e apresentação da carta do Bispo Dom Muniz encaminhada ao povo de Correntina esclarecendo o motivo da saída dos Freis Carmelitas e apresentando o novo pároco, recomendando-lhes acolhida, carinho a este homem que veio com muita vontade de viver aqui a intensidade de seu sacerdócio.

A chegada de Padre André ao município de Correntina mudou a história da cidade. Em seus cinquenta anos de sacerdócio, Padre André dedicou-se a construção de inúmeras obras e ao oferecimento dos mais variados serviços, a fim de promover melhorias na qualidade de vida da população e o desenvolvimento social do município.

Educandário São José (Colégio do Padre)

Educação

Ao andar pelo município, Padre André conheceu de perto a realidade e percebeu a necessidade de promover ações que incentivassem o desenvolvimento educacional das crianças e adolescentes do município. Nesse contexto, ao longo dos cinquenta anos em que esteve em Correntina, buscou fornecer uma série de serviços educacionais e empenhou-se na construção de escolas.

Escola de Datilografia Nossa Senhora da Glória: Inauguração em 16/08/1956. O primeiro professor foi o Senhor Iozinho Costa. Em 03 de novembro do mesmo ano, acontece a diplomação 1ª turma.

Escolas Paroquiais: Instalação da primeira Escola Paroquial em 06/06/1957. Esta funcionou por alguns anos na antiga maternidade e em casas improvisadas, posteriormente no colégio, ajudando a crianças carentes com uniformes, material escolar e dispensa das mensalidades. A ideia espalhou-se na cidade e zona rural, a exemplo das comunidades de Inhaúmas, Mocambo e Brejo dos Aflitos.

Educandário São José: Inauguração em 15/05/1958. A missão sacerdotal ultrapassou muitos limites. Nas suas desobrigas, foi percebendo o índice de analfabetismo, então, resolveu criar o Educandário São José, no prédio onde seria destinado ao seminário, para atender as crianças e jovens. Com a necessidade de ampliar o educandário, Padre André sentiu-se desafiado na ampliação do número de professores, mas não tendo o número suficiente de profissionais habilitados no município, recorreu às cidades vizinhas.

Internato: Inauguração em 15/05/1958. O internado funcionava junto ao educandário, uma vez que muitos jovens da zona rural não tinham lugar para ficar durante a semana. Assim, foi criado o internato no mesmo prédio do educandário, como espaço de acolhimento adotado como regime de comunidade. 

Centro Educacional de Correntina (C.E.C.): Com a necessidade de expansão da educação, Padre André buscou junto ao Governo do Estado, o Magistério, no ano de 1976. Nesse contexto, a escola passou a oferecer, além do ensino fundamental, o ensino médio, promovendo, portanto, a formação completa dos alunos. 

Fanfarra:  A tradicional fanfarra de Correntina foi uma iniciativa de Padre André com os alunos. Ficou marcada por muito apreço, dando brilhantismo as comemorações cívicas.  

Escola Infantil: Sendo a Congregação das Filhas de Fátima responsável pela criação da Escola infantil, a Irmã Inês tornou-se a pioneira, pela ocasião de sua saída outras mestras deram a continuidade. 

MEB e BB Educar: Com a ampliação do trabalho pastoral, onde se identificou muitas pessoas adultas sem o conhecimento da leitura e da escrita, através do Padre Vanderlei França, a época residente em Carinhanha e coordenador do CEDOCA, implantou 20 turmas, no ano de 1997, no município de Correntina, atingindo 500 alunos. Posteriormente, o projeto foi ampliado numa parceria com o poder público municipal e o BB Educar, do Banco do Brasil, promovendo a alfabetização de jovens e adultos.

Curso Técnico em Agropecuária: No ano de 2005, já com a saúde bastante debilitada, completando seus cinquenta anos de sacerdócio, Padre André trouxe para Correntina e instalou, no Centro Educacional de Correntina, o Curso Técnico em Agropecuária. 

Saúde

O olhar que Padre André teve para com a educação do município foi o mesmo para a questão da saúde. Ele percebia a carência da população com relação aos serviços básicos de saúde e dedicou seu sacerdócio a melhorar a qualidade de vida do povo. Um dos elementos fundamentais nesse processo foi a Sociedade São Vicente de Paulo, que existia antes da sua vinda, mas estava desativada. Ao ser reativada em 1957, com estatuto próprio, passou a abrigar a Casa de Saúde e Maternidade Padre André, o Educandário São José, (C.E.C.) e, posteriormente, o Abrigo dos Idosos, o que permitiu a manutenção dos grandes projetos sociais, por meio de convênios e ajudas diversas, vindos da Holanda e de outros países. 

Casa de Saúde e Maternidade Padre André: No livro de tombo da Paróquia, consta também, desde o ano de 1952, a existência da casa da Maternidade Infantil, fundada por Dom Muniz, situada próximo a Ponte Monsenhor André, que ficou desativada por um período. Ao reabrir, passou a funcionar com a denominação de Santo Afonso, na antiga casa do Senhor Reinaldo Alcântara. Mais tarde, foi construída a nova sede, na Rua da Barragem (ainda como Santo Afonso). No ano de 1973, passou a denominar-se Casa de Saúde e Maternidade Padre André. 

Casa de Saúde e Maternidade.

Curso de Parteira e Enfermagem: Ao entender que o problema da saúde era também gerado pela quantidade insuficiente de profissionais, Padre André promoveu o oferecimento de vários cursos de formação, capacitando as pessoas para o exercício desta função, tanto na cidade quanto na zona rural. Posteriormente, muitos alunos destes curtos, ingressaram nos programas de saúde do Governo Federal.  

Campanha de Vacinação e Farmácia Básica: Formou uma equipe de jovens para visitas domiciliares para vacinação, principalmente dos idosos contra tuberculose. A farmácia básica foi instalada no salão comunitário da Igreja do São Lázaro, para distribuição de medicamentos.  

Casa dos Tuberculosos: Para atendimento de idosos diagnosticados com tuberculose, Padre André construiu duas casas no bairro São Lazaro, na década de 70, tornando-se extensão do Abrigo dos Idosos.

Abrigo dos Idosos.

Desenvolvimento Social

Em paralelo as ações para promoção do acesso a educação e a saúde, Padre André entendeu, também, a necessidade de levar informação ao povo sobre seus direitos básicos e a urgência na criação de vagas de trabalho, para que, munidos de renda e acesso à educação e saúde, pudessem se tornar cidadãos, que viriam, consequentemente, promover o desenvolvimento do município. Neste contexto, uma série de serviços e obras foram criados, visando atingir esses objetivos.

Padaria: Fundada no pastoreio de Dom Muniz, ganhou impulso com a chegada de Padre André. A comunidade foi influenciada por ele na adoção de novas práticas alimentares, inclusive pão e frutas. Campanha de donativos: Assistência aos carentes, que se iniciou em 31/12/1956, com a distribuição de gêneros alimentícios. Esta prática ajudou muitas famílias necessitadas com alimentação, agasalho e medicamentos, tornando-se uma de suas práticas nas desobrigas no decorrer de todo o seu sacerdócio.

Ateliê de corte e costura: Este trabalho agregou-se ao Internato no ano de 1958, capacitando as jovens, dando prioridade às internas. Esta era uma das exigências para o ingresso das jovens no internato. 

Serraria do Padre: Mecanismo criado para profissionalização masculina e o suprimento de mobiliário, atendendo ao colégio, internato, Igrejas e maternidade.  Foi desativada na década de 90. 

Olaria do Padre: Para facilitar na construção das obras, instalou-se a olaria, para fabricação de tijolos para as diversas obras e, também, para as doações a pessoas carentes, para construção de suas casas.

Abrigo dos Idosos: Para amenizar o sofrimento dos idosos, que sempre teve uma atenção especial por Padre André, ele organizou um sistema de amparo, facilitando no acompanhamento e assistência ao idoso. Contou com a ajuda dos jovens da comunidade, na realização de campanhas para aquisição de cestas básicas e limpeza semanal nas casas. Quando o idoso não tinha ninguém para cuidar, fazia-se encaminhamento médico e, caso ocorresse óbito, o grupo se reunia para cuidar do velório.  O espírito de solidariedade foi tornando-se cada vez mais evidente, ao passo que houve um aumento da demanda. Assim, Padre André chegou à conclusão de que se os idosos estivessem num mesmo espaço, facilitaria muito a promoção dos cuidados. Para isso, fazia-se necessário, a construção de espaço próprio para cada um. Na década de 70, através dos amigos e benfeitores da Holanda, conseguiu recursos para construção de um conjunto de 26 casas e dois salões. O espaço ficou conhecido como Abrigo dos Idosos e continua ativo até a atualidade.

Casas populares nos bairros São Lazaro e São José: Uma das grandes preocupações de Padre André desde sua chegada em Correntina era zelar para que a vida dos carentes e necessitados fosse tratada com maior dignidade. Entendia que o maior instrumento de devolução da dignidade era a moradia, e por isso, recorreu à Holanda, através dos benfeitores, e realizou este sonho, ao construir sete casas populares no Bairro São Lazaro, na década de 70, e 75 casas, no Bairro São José, entre os anos de 1990 a 1993. Aliás, o Bairro São José foi também o bairro onde ele morou durante os 50 anos que esteve em Correntina, tendo um carinho enorme pelo bairro e pelos moradores.

Projeto Sócio Medicinal: Implantado na década de 80 com o objetivo de orientar as famílias. Muitos trabalhos foram feitos juntamente com sua equipe de leigos. Implantou a campanha de filtros em todas as comunidades, construção de fossas sépticas e campanha do arado e da ferramenta, ajudando as pessoas a lidarem com a terra. No desempenho deste trabalho, Padre André contou com vários leigos que foram liberadas para este fim, integrando posteriormente a Equipe Paroquial. 

Sindicato dos Trabalhadores Rurais: Em suas desobrigas, Padre André acompanhou de perto a luta dos trabalhadores rurais nas conquistas dos seus direitos, mas desde 1957, já havia realizado a Semana Ruralista, despertando o trabalhador na sua organização. Com o aumento dos conflitos de terras, exploração e martírio de trabalhadores na região, criou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, em 26/01/1980, como porta voz do trabalhador rural. O sindicato funcionou por um período na Praça Felipe Santos, mudando-se, posteriormente, para sua sede própria, na Rua Lomanto Júnior. 

Centro de Treinamento de Líderes (C.T.L.):

A Paróquia Nossa Senhora da Gloria tem sempre acentuado, em sua dinâmica pastoral, a formação para lideranças pastorais, grupos e movimentos. No começo, o espaço utilizado para tal intuito, era o salão paroquial no fundo casa paroquial, ao lada da Igreja Imaculada Conceição. No entanto, ao decorrer dos anos, o local não correspondia a demanda. Então, Padre André solicitou ajuda para a construção dessa obra. Quando esteve na Holanda, no final da década de 80, não perdeu tempo com suas campanhas de arrecadações, não somente para Correntina, mas também para a Diocese e pastorais. Conseguiu uma valiosa ajuda, do Dr. Was, holandês amigo de Padre André, conforme descrição encontra-se na placa no primeiro pavilhão do C.T.L. O responsável pela obra foi o senhor Emilio Queiroz. A inauguração ocorreu em 15/06/1991, por ocasião de um encontro zonal, atualmente Forania, com as paróquias de Correntina, São Felix do Coribe, Jaborandi e Santa Maria da Vitória, convergindo com uma solene Celebração Eucarística, aberta a comunidade de Correntina que expressivamente se fez presente. Foram realizadas muitas doações em utensílios, plantas e móveis para compor o patrimônio do C.T.L.

Centro de Treinamento de Líderes (C.T.L.)

Escola Família Agrícola

Escola Família Agrícola:

Este foi um dos grandes sonhos de Padre André, iniciado em 1986, quando já apontava para a criação de uma escola voltada para o campo, fortalecimento da agricultura familiar com técnicas apropriadas e formação de lideranças para a permanência na terra. Padre André, já não tendo mais condições de fazer este acompanhamento, confiou a Irmã Oneide e a Anailma, esta função até o momento que esta escola passasse a funcionar. Constituiu, ainda, uma comissão de organização e implantação, composta por jovens da comunidade. Este sonho tornou-se realidade em 14 de março de 1994, abrindo a primeira turma, funcionando no CTL até o ano de 1996, até a aquisição de um terreno na margem do Rio Arrojado, na zona rural, com recursos vindos do exterior. Assim, foi construída a Escola Família Agrícola de Correntina, EFACOR, atualmente, Escola Família Agrícola Padre André, EFAPA, que funciona até os dias atuais, promovendo a formação de jovens com base na pedagogia da alternância, incentivando práticas agrícolas sustentáveis.

Rádio Carícia:

Ao adquirir a concessão no ano de 1995, o escritório regional das comunicações foi notificado através de um projeto de viabilização técnica, o qual estipulou o prazo do ano de 1998 como limite para instalação da Rádio. Em 12 de Outubro de 1998, a Rádio Carícia foi ao ar em fase experimental com a primeira mensagem proferida pelo Padre André. No dia seguinte, 13 de outubro, para comunicar ao povo da grande novidade, que a Rádio Carícia estava no ar, ocasião em que se realizava a Missão Jovem na localidade de Silvânia e Barra das Lages, o Padre deixou a sua mensagem de fé, de esperança e de alegria. A partir desta data, a rádio cumpriu o prazo de um mês em caráter experimental com programação musical, período em que ocorreu a montagem dos departamentos, a contratação da equipe pioneira e todos os procedimentos legais para estruturação da empresa. No dia 14 de novembro de 1998, realizou-se, solenemente, o ato de inauguração da Rádio Caricia FM. Com chuva, expectativa e alegria, foi apresentada ao público a Família Caricia FM, que daquele momento levaria adiante os propósitos de uma comunicação alegre, transparente e esperançosa, sendo assim constituída:  

Rádio Carícia FM

Padre André, idealizador e orientador geral; Leonice Moreira, sócia gerente; Padre Vicente, diretor administrativo; Anailma Meira, gerente administrativa; Augusto, programador e auxiliar de contabilidade; Ana Maria e Irlaine Nunes, secretárias; Givaldo de Jesus, Eliano Neves, Luciano Moreno e Dourismar Barbosa, locutores, apresentadores e programadores; e Deusdete Neves, serviços gerais. Em seguida, foram integrando outros funcionários e colaboradores, voluntários e voluntárias, nos programas, ampliando os estilos de programação. Com a Rádio Carícia FM, conclui as grandes obras e sonhos de Padre André, todas elas em menor ou grande proporção, a serviço da evangelização e das populações com destaque para os menos favorecidos. 

Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória

Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória:

No livro de tombo, registra-se que esta foi a grande obra deixada de presente de Padre André ao povo de Correntina, uma vez que este povo já vinha por muito tempo participando das celebrações em pé ou nas calçadas da antiga Igreja Matriz, que não tinha espaço suficiente para abrigar tantos fiéis, sobretudo nos Festejos do Divino e do Rosário e na Festa da Padroeira, Nossa Senhora da Glória. Foram buscadas diversas maneiras para resolver esta situação, desde a ampliação da primeira Igreja até a aquisição de lotes no centro da cidade, mas mostrava-se viável. A solução encontrada foi a construção da Igreja nova no Bairro São José, em um terreno ao lado de sua casa, que na época, Dom Grossi, Bispo da Diocese, havia doado para ele. A Pedra Fundamental ocorreu em novembro de 1996, num ato solene e celebrativo, na presença de uma grande multidão, que reuniu naquele pátio para celebrar. O momento foi de apresentação a comunidade da equipe para coordenar a obra e reforço da campanha. As doações provindas de fora do país, muito contribuíram para que este sonho antigo pudesse se concretizar. A partir deste ato, o povo da comunidade passou a se envolver, cada um dentro de sua condição, seja na compra do piso para a calçada, bancos, seja com a força do trabalho nos mutirões.

Em verdade, a construção da Igreja Matriz realizou-se motivada pelo espírito de participação e corresponsabilidade do povo para com a Igreja, através da liderança de Padre André. A inauguração ocorreu dentro das festividades da Padroeira, extraordinariamente celebrada no dia 16 de agosto de 1998, por ser um domingo, facilitando a participação das Paróquias da Diocese e das comunidades, que massivamente compareceram, concentrando na primeira Igreja (Imaculada Conceição) e, em procissão com hinos e mensagens, foram entronizadas as imagens de São José e da Padroeira, Nossa Senhora da Glória, com corte da fita na porta da Igreja, por Padre André e Dom Francisco, culminando com a celebração da Santa Missa.

O sacerdócio de Padre André, exercido integralmente na Paróquia de Correntina, foi marcado pela total dedicação ao povo do município e da região. Ao longo desses 50 anos, esse homem, nascido no estrangeiro, mudou a história e o destino dessa cidade, lançando as bases para o desenvolvimento social da população, deixando um legado de incentivo a educação e de luta por direitos básicos.